sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Fernando Collor de Mello

Presidenciável 

Graças a essa postura de "guardião da moralidade", Collor fez uso de uma elaborada estratégia de marketing focada nos temas que mais preocupavam a população. Segundo os jornalistas Mário Sérgio Conti e Cláudio Humberto Rosa e Silva, o discurso reproduzia o que diziam os institutos de pesquisa variando conforme a necessidade momentânea, fosse o combate à corrupção ou a vertiginosa taxa de inflação, por exemplo.

Em 21 de outubro de 1987 foi o único dos governadores peemedebistas a defender um mandato de quatro anos para o então presidente José Sarney, o que anteciparia as eleições para o ano seguinte, e dentro desse contexto sua intenção de disputar o cargo passou de simples cogitação a intenção real e nisso movimentou-se junto ao PMDB apresentando-se ora como candidato à vice-presidência numa chapa encabeçada pelo senador Mário Covas, ora tencionando a indicação do partido, mesmo que isso significasse enfrentar o vetusto deputado federal Ulysses Guimarães. Em 1988, deu uma entrevista para a Rádio JB[1] afirmando ainda não ser candidato.
Fiel a sua estratégia rumo ao Palácio do Planalto elegeu o governo Sarney como responsável por todas as mazelas e descalabros político-administrativos que assolavam o país naquele momento, postura que o levaria a deixar o partido e a ingressar no PRN, sucessor do obscuro Partido da Juventude (PJ), e que o levou a apresentar-se como candidato ao eleitorado brasileiro em 1989 através de uma série bem elaborada de programas de televisão.
Desde então, passou à condição de alternativa conservadora às eleições daquele ano, cujo panorama apontava dois nomes de esquerda como os preferidos do eleitorado: Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva. Exemplo disso pode ser verificado no livro que Pedro Bial lançou a respeito do jornalista Roberto Marinho, onde o autor relata que o patriarca das Organizações Globo fixou-se inicialmente em Jânio Quadros como o candidato a presidente. Contudo, como o veterano político sul-mato-grossense radicado no estado de São Paulo vivia o ocaso de sua carreira política, Marinho fez nova opção pelo então governador paulista Orestes Quércia, considerado um nome mais palatável que os de Covas e de Ulisses Guimarães. Entretanto, como as articulações em torno de Quércia malograram, e tanto Covas quanto Guimarães lançaram suas candidaturas em um cenário já favorável a Lula (uma ameaça socialista aos interesses da sociedade) e Brizola (rejeitado por Marinho devido a possibilidade de revogar sua concessão de TV caso eleito), a alternativa de Marinho foi apoiar Fernando Collor - opção mais que evidente quando do último debate presidencial daquela campanha, editado de modo a favorecer-lhe frente ao adversário Lula.

Eleições presidenciais

Renunciou ao governo de Alagoas em 14 de maio de 1989, transferindo o cargo a Moacir Andrade. Em seguida, iniciou as articulações para a formação de uma chapa viável de modo a compensar a debilidade de sua origem política em um dos menores estados da federação e, nesse contexto, fixou-se na escolha de um candidato a vice-presidente oriundo do segundo maior colégio eleitoral do país, o estado de Minas Gerais, escolha que recaiu sobre o senador Itamar Franco após as recusas de políticos como Hélio Garcia e Júnia Marise.
Discreto ao longo de toda a campanha, seu candidato a vice-presidente ameaçaria renunciar à candidatura por mais de uma vez mesmo após a sanção da chapa na convenção nacional do PRN, fato que não chegou a ocorrer. Durante a campanha cerrou seu discurso no combate a corrupção e aos altos índices de inflação apontando ainda o governo Sarney como inepto, chegando até a classificar o então presidente como alguém "corrupto, incompetente e safado", o que lhe custou um direito de resposta no horário eleitoral e um processo por calúnia, injúria e difamação, mas nada que impedisse sua ascensão ao primeiro lugar nas pesquisas de opinião - embora Fernando Collor não tenha comparecido a nenhum debate promovido pelos meios de comunicação durante o primeiro turno da eleição.
Sua performance o credenciou a receber o apoio do espectro político conservador como o do PFL, que aderiu em massa à sua candidatura ainda no começo da campanha, embora o partido tivesse Aureliano Chaves como candidato oficial. Em 15 de novembro recebeu 20.611.011 votos contra 11.622.673 sufrágios dados a Lula e, assim, os dois candidatos passaram ao segundo turno que se realizaria em 17 de dezembro. Além de Leonel Brizola - que perdeu a vaga no segundo turno por uma diferença de aproximadamente 455 mil votos - ficaram de fora da disputa políticos oriundos do estado de São Paulo como Covas, Maluf, Guimarães e Guilherme Afif Domingos, dentre outros listados na relação de mais de vinte postulantes ao Planalto, oriundos de diferentes estados do país. Ao longo de um mês de campanha no segundo turno, as forças políticas se reagruparam com vistas ao embate derradeiro e nisso Lula recebe o apoio de Brizola, Covas, Guimarães e Roberto Freire, ao passo que Fernando Collor contou com o eleitorado de Maluf e Guilherme Afif.
A sociedade civil também se manifestou: o candidato do PT recebeu o apoio majoritário da classe artística e intelectual, dos sindicatos, dos movimentos sociais organizados e do MST em contraposição ao suporte maciço dado ao candidato do PRN pelos empresários, meios de comunicação e pelos grandes latifundiários, enquanto que a Igreja Católica se dividiu. Com o decorrer da campanha as pesquisas de opinião mostravam uma diferença cada vez menor entre os concorrentes e com isso a postura de Collor recrudesceu e atingiu seu ponto crítico quando o programa eleitoral do PRN exibiu um depoimento de Míriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, que acusava o petista de ter planejado o aborto de Lurian, filha do casal.
Paralelo a isso associou o adversário ao comunismo ao tempo em que a Cortina de Ferro ruía no leste europeu e a União Soviética dava os primeiros sinais de exaustão. A retórica de Collor ganhou consistência quando houve a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 e ainda antes da eleição o sequestro do empresário Abílio Diniz acabou associado a grupos de esquerda interessados na vitória de Lula. Em meio a essa efervescência o candidato do PRN repetia à exaustão seu plano de governar para os "descamisados" e os "pés descalços" (numa alusão ao eleitorado mais humilde) de modo a fugir do estigma de "candidato da elite".
Abertas as urnas o candidato do PT chegou a liderar parte da apuração, devido ao fato da apuração das capitais ser mais rápida que a das urnas do interior, mas ao fim a vitória coube a Fernando Collor – que obteve 35.089.998 votos contra 31.076.364 votos dados a Lula.
De um modo geral, o país votou em Fernando Collor. Este venceu em todos os estados com exceção de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro conseguiram transferir os votos de Brizola para Lula, mas em São Paulo o fenômeno foi a transferência de votos de Covas para Collor – ainda que o próprio Covas tenha apoiado Lula.
Politicamente o fiel da balança foi São Paulo. Ainda que a vitória dada pelos paulistas não tenha sido tão expressiva quanto o que aconteceu em outros estados, como Goiás, por exemplo. Goiás era reduto de outro candidato conservador, Ronaldo Caiado, (então no PSD, hoje deputado federal pelo DEM, ex-PFL), ligado aos ruralistas. Neste Estado, quase 70% dos eleitores votaram em Collor. Se a diferença de votos a favor de Collor em São Paulo (2.534.125) fosse convertida para Lula, o PT venceria a eleição.
O Governo Collor teria uma duração de dois anos e meio sendo que seu titular assumiu a presidência aos quarenta anos e sete meses de idade, o mais jovem político a assumir esse cargo na história brasileira e em todas as Américas. Antes de sua posse viajou aos Estados Unidos e à Europa buscando o apoio dos organismos financeiros internacionais à sua proposta de renegociação da dívida externa brasileira, aproveitando também para expor seus planos para a economia. Visando a integração do Brasil aos seus vizinhos sul-americanos, viajou também para a Argentina e o Uruguai.

Pós-presidência (1993-2009)

Collor foi sucedido pelo vice-presidente Itamar Franco que exercia o cargo interinamente desde o afastamento em 2 de outubro. Em entrevista coletiva, Collor, declarou que o ato, a tentativa de renúncia, se devia ao apreço pela democracia, ameaçada, segundo ele, por uma "elite política avessa a necessidade de modernização do país" e de poderio tão avassalador que teria levado Getúlio Vargas ao suicídio em 1954 e Jânio Quadros à renúncia em 1961.
Depois ingressou no Superior Tribunal de Justiça visando reaver os direitos políticos, preservados, conforme disse, pelo fato de que sua renúncia ocorreu antes de aberta a sessão que decidiu pela condenação, mas em dezembro de 1993 o STJ manteve-o inelegível e inapto ao exercício de cargos e funções públicas por entender que a renúncia apresentada à undécima hora não passou de um "ardil jurídico". Entretanto em julgamento realizado um ano depois o Supremo Tribunal Federal arquivou o processo contra Collor e Paulo César Farias,[2] acusados do crime de corrupção passiva (placar de 5 a 3). Uma semana após essa decisão o ex-presidente recebia a notícia da morte do irmão Pedro Collor em 19 de dezembro de 1994, vítima de câncer no cérebro, tragédia que seria seguida de outra notícia infausta: o falecimento da mãe, dona Leda Collor de Mello, em São Paulo vítima de broncopneumonia em 25 de fevereiro de 1995, ela que havia sido internada durante o curso dos eventos que redundaram no afastamento do então presidente.
Seis meses depois Collor mudou-se para Miami, onde permaneceu até 1998 quando retornou ao Brasil. Nesse ínterim um outro episódio rumoroso envolveu outro personagem do governo: em 23 de junho de 1996 o ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, foi encontrado morto em Maceió ao lado da então namorada Susana Marcolino. O caso foi cercado de controvérsias e recebeu maciça cobertura midiática. Apesar das dúvidas, inconsistências e teorias conspiratórias, o laudo pericial divulgado pelas autoridades locais o declarou vítima de crime passional cometido pela namorada, que a seguir teria cometido suicídio.
Mesmo após ter sido negado pelo STF um novo recurso no qual pleiteava a recuperação dos direitos políticos, retornou ao Brasil e após algum tempo ensaiando um retorno à política escolheu a São Paulo como domicílio eleitoral e filiou-se ao inexpressivo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) pelo qual tentou uma candidatura a prefeito, pretensão infrutífera devido ao fato de que a suspensão dos direitos políticos perduraria até depois da eleição.
De volta a Alagoas disputou o governo do estado em 2002 sendo derrotado em primeiro turno pelo governador Ronaldo Lessa, reeleito pelo PSB.
Quatro anos mais tarde foi eleito senador por Alagoas, tendo derrotado Lessa. Assim conquistou um mandato de oito anos iniciado em 1 de fevereiro de 2007, ocupando uma cadeira que já pertenceu a outros políticos alagoanos como Teotônio Vilela, Guilherme Palmeira e Heloísa Helena (candidata à Presidência em 2006 pelo PSOL).
Desde o retorno ao Brasil, Collor tem feito declarações de apoio a Lula, postura que manteve inclusive após a imensa crise política que se abateu sobre o governo do petista. Perguntado a respeito Collor respondeu que só mudaria o voto diante de provas irrefutáveis da conivência de Lula com o escândalo.


No dia seguinte à posse como senador deixou o PRTB e ingressou no PTB a convite de Roberto Jefferson, ex-deputado federal e atual presidente da legenda, um dos poucos parlamentares que lhe prestaram fidelidade durante o processo que redundou no afastamento.
No dia 8 de Junho de 2007 recebeu o título de cidadão da Paraíba, outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado.
No dia 4 de março de 2009, Collor se tornou o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal.
No dia 2 de setembro, foi eleito membro da Academia Alagoana de Letras para ocupar a cadeira de número 20, deixada pelo médico Ib Gatto Falcão, morto no ano passado. Collor recebeu 22 dos 30 votos. A votação foi secreta. Oito acadêmicos votaram em branco.
Em 10 de maio de 2010, anunciou que é pré-candidato ao Governo de Alagoas.[3][4][5][6]
No mesmo mês, Collor enfrenta novos problemas: advogados da ex-mulher Rosane Collor, afirmam que ela vai mudar de estratégia no julgamento do processo de partilha de bens contra o ex-marido, previsto para junho. Em vez de pleitear a divisão total, como faz desde a separação em 2005, pedirá uma cota de participação nas Organizações Arnon de Mello, que é legalmente a dona da maioria dos imóveis do ex.[7] No final do mês, é acusado de fazer campanha antecipada, ao irnaugurar 174 casas populares em Coruripe‎, interior do Alagoas,[8] apesar ser feito exclusivamente por prefeitos, governador e presidente da República, configurando crime eleitoral.[9][10][11]

Nenhum comentário:

Postar um comentário